O jovem brasileiro não está apenas mais alto. Todo o processo de crescimento foi acelerado em relação às gerações anteriores. No início do século XX, a primeira menstruação ocorria aos 15 anos. Hoje, a menarca normalmente acontece aos 12 anos. Há 100 anos, o crescimento dos rapazes só estava completo aos 24 anos. Agora, a estatura adulta é alcançada aos 18. "O crescimento é uma combinação de características genéticas com o meio em que o adolescente vive. Uma coisa não evolui sem a outra", explica o médico Paulo Zogaib, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A prática de exercícios físicos é um dos fatores que têm relação com a espichada juvenil. A ciência não comprovou como se dá exatamente essa influência, mas os médicos apostam em três fatores. O primeiro é que os exercícios estimulam a produção e a secreção de hormônios diretamente ligados a esse processo, como o hormônio do crescimento e a testosterona. O segundo é que a estrutura óssea responde a estímulos como sobrecarga de exercícios. O problema é que, se a sobrecarga for excessiva, pode interromper de vez o processo de crescimento. O último é que, ao fazer exercício, um jovem sente mais fome. Ao comer mais e praticar esporte novamente, acaba gerando um ciclo que favorece o melhor aproveitamento dos nutrientes.
Os pais costumam acompanhar com orgulho o desenvolvimento precoce dos filhos, mas é preciso ficar atento aos efeitos decorrentes. A abreviação da infância é um deles, principalmente no caso das meninas. É comum garotas na faixa de 12 anos, ainda interessadas em brincar com boneca, começarem a sofrer assédio do sexo oposto pelo fato de ostentarem um corpo de adulto. Elas são pressionadas a agir como adolescentes, quando não têm maturidade para isso. Por outro lado, há recursos para os jovens que estão com o relógio biológico atrasado ou demonstram alguma limitação orgânica para crescer. Tratamentos à base de hormônio do crescimento sintético são muito utilizados. O importante, nesses casos, é estar atento ao ritmo de crescimento logo no início da adolescência, porque o sucesso do tratamento depende do diagnóstico precoce.
Fonte: Veja