Série: A Corte Portuguesa no Brasil - Cap 2 - A Viagem

A esquadra era provavelmente composta de 8 naus, 3 fragatas, 2 brigues, 1 escuna de guerra, 1 charrua de mantimentos e vários navios mercantes da marinha portuguesa num total de 56 barcos conforme os registros de bordo recuperados por Kenneth Light, ou 36 velas conforme Lord Strangford, ou mais de 30 barcos, como relada Kirsten Schultz. Quanto ao número de emigrados varia enormemente, temos 15.000 (Schultz, 1998), minuciosos 13.800 (Rocha Martins IHGB, 1910), entre 8.000 e 15.000 (Manchester, Transferência da Corte para o Brasil) e, hoje em dia, fala-se no total de apenas 522 pessoas sendo 420 civis e 102 militares (Esparteiros, 1979, que aparecem no Almanaque da cidade do Rio de Janeiro de 1811, ou na Gazeta), citado por Nereu Cavalcanti, no Rio de Janeiro setecentista, porém, Kenneth Light, no livro The Migration of the Royal Family, baseado na carta que o comandante inglês, James Walker, do Bedford, enviou ao Almirantado em Londres informa que, só no Príncipe Real(com 67 m. por 16,5 m.) estavam 1.054 pessoas e, alem disso, ele avalia que de tripulantes havia entre 6.000 a 7.000. Nesta animada celeuma/controvérsia eu opino que deveria haver entre 5.000 e 10.000 fugitivos uma vez que, apenas na nau Príncipe Real viajavam 1.054 pessoas, o que demonstra que essa quantidade de barcos (56 ou 36) era excessiva para trazer apenas 502 pessoas?? Há que se considerar que, pelos usos e costumes da época, a Família Real era servida tanto por famílias nobres como por enorme criadagem. Para a grandeza desses números, temos como referencia, o palácio de Versalhes no séc. XVIII, onde havia 6.000 pessoas a serviço da família real, entre nobres da mais alta estirpe que vestiam e serviam as refeições ao Rei e a criadagem que limpava o palácio, inclusive da urina e fezes da multidão que não tinha banheiro para usar. O Príncipe de Condé, primo do rei, num jantar para apenas 8 convivas, tem 25 empregados servindo à mesa, fora a équipage de apoio interna, para surpresa do embaixador inglês.

Filhos cedo demais

A gravidez na adolescência é um desastre na vida de qualquer menina. Uma jovem que tem seu bebê aos 16 anos se vê com a tremenda responsabilidade de ser mãe numa época em que deveria estar se preparando para o vestibular e dando os primeiros passos rumo à carreira profissional. Meninas entre 15 e 19 anos deram à luz 1 milhão de bebês no ano passado, de acordo com os números do Ministério da Saúde. Há um paradoxo aí, que só os hormônios em ebulição e a impetuosidade natural da idade podem explicar. Nunca uma geração esteve tão bem informada sobre métodos anticoncepcionais e consciente da necessidade de se proteger contra doenças sexualmente transmissíveis. O índice de jovens que dizem só transar de camisinha chegou a 90% numa pesquisa realizada pela Unesco, que ouviu 16 000 estudantes de catorze capitais brasileiras. Mas essa taxa cai drasticamente quando o namoro fica sério. Só dois em cada dez continuam a usar o preservativo com a assiduidade dos primeiros tempos. Daí à gravidez indesejada basta um vacilo.

Série: A Corte Portuguesa no Brasil - Cap1 - Situação em Portugal

 A Europa está devastada pelo furacão Napoleão que mexeu em todos os tronos europeus e, no fim de 1807, está chegando em Portugal. É a madrugada de 27/11/1807 e a corte, desesperada, se atropela com pressa e desordem no cais de Belém para embarcar, filhas sem pais, mulheres sem marido, pessoas da mais alta nobreza que esperam subir a bordo com a roupa do corpo e com pouco ou nenhum dinheiro. Mais de 700 carruagens trazem a família real e seus pertences, D. João chegou acompanhado de D. Pedro Carlos, infante de Espanha, primo de Carlota Joaquina, e tomam a nau capitânia Príncipe Real com 67 m. de comprimento que recebe mais de 1.000 passageiros e é a sala do trono flutuante da monarquia portuguesa, logo depois chegam Dona Carlota, D. Pedro, as infantas e o infante D. Miguel, e se dividem em 4 navios, por questão de segurança dinástica, D. Pedro e D. Miguel embarcam com o pai; dona Carlota e 4 filhas embarcam na fragata Alfonso de Albuquerque; espera-se a rainha, Dona Maria 1a, a Louca, com 73 anos que, aos urros entremeados de lamúrias e exclamações deAi Jesus!, Ai Jesus!, recusa-se a embarcar, pois quer ficar com o povo e resistir e, finalmente, é carregada nos braços pelo comandante da frota real e embarca no Príncipe Real. As 2 princesas do meio embarcam na Rainha de Portugal enquanto a tia e a cunhada de D. João embarcam no Príncipe do Brasil. Trazem consigo, metade do tesouro português, algo em torno de 80 milhões de cruzados, a outra metade já fora quase toda gasta para comprar a neutralidade com a França de Napoleão, sequiosa dos tronos europeus, e o que resta em Lisboa, cerca de 10 milhões de cruzados, não dava para mover o reino e pagar as dívidas, o que fará o general francês Junot derreter toda a prataria das igrejas e palácios para pagar a manutenção das tropas de ocupação em Portugal, na guerra que se seguirá e que matará 250.000 portugueses, ou seja, 1/12 da população portuguesa.