Série: A Corte Portuguesa no Brasil - Cap 9 - A Nobreza Brasileira com D. João VI

Manuel José da Costa Filgueiras Gayo informa no Nobiliário de Famílias de Portugal, que o foro de Cavaleiro ou Escudeiro era sinal de nobreza de sangue, principalmente, quando esse título já era usado antes da reforma de D. Sebastião em 1572 reforma esta, que simplificou, e facilitou as exigências para qualificar os novos titulares já inseridos na nova dinâmica social de grandes fortunas que começa a imperar entre a nobreza de Portugal a partir do século XVII.


Cabe aqui, uma referência histórica familiar, pois no século XV, meu 13o avô, João de Arantes, Morador da Casa Real e Senhor da Quinta de Romay, foi feito por El Rei D. João 2º (13o Rei de Portugal entre 1481-1495) de quem era companheiro de armas, Condestável dos Espingardeiros a 2/1/1488, (conforme o documento histórico que confirma esta nomeação), e ele já era qualificado como Cavaleiro Fidalgo de sangue e espada.



Foram os comerciantes de grosso trato fluminenses, (que tinham preponderância sobre os outros setores econômicos existentes na colônia, como os comerciantes reinóis e a aristocracia agrária nativa), que ajudaram a manter o passadio da corte e foram agraciados com Comendas e Títulos: Manoel Caetano Pinto cuja fortuna, em 1839, era de 280 contos de réis, José Inácio Vaz VieiraAntonio Gomes BarrosoAntonio José Ferreira, genro de Manoel Caetano Pinto, com fortuna de 300 contos de réis, e vários outros, entre eles o mais influente, Brás Carneiro Leão (1732-1808), o maior e mais poderoso dos negociantes de grosso trato do Rio de Janeiro que, já em 1802, fora agraciado com a Ordem de Cristo e era Cavaleiro da Casa Real e tinha carta de brasão para si e seus 6 filhos. Louis de Freycinet, comentando a vida social do Rio informa que ficou atônito com a opulência das mulheres da família de Carneiro Leão as quais usam jóias de tal magnificência que apenas os diamantes são avaliados em 6 milhões de francos!!


A viúva de Brás Carneiro Leão, Ana Francisca Rosa Maciel da Costa, é feita por D. João 6o, Baronesa de São Salvador de Campos, a 17/12/1812,  que é o 1º brasileiro nato a receber mercê de título nobiliárquico no Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Ela inicia uma exuberante quantidade de nobres brasileiros que será agraciada no Império com importantes títulos e postos. De Brás Carneiro Leão e Ana Francisca descendem os 11 titulares abaixo:


Uma filha, Luisa Rosa Carneiro da Costa (1786-1843), casou-se com Paulo Fernandes Viana, Chefe de Polícia, que era íntimo de D. João 6o e administrava a cidade do Rio, e deste casal descendem: Paulo, Conde de São Simão; Maria, Marquesa de Cunha e Ana Luiza, Duquesa de Caxias.


Um filho, José Fernando Carneiro Leão, que tinha o hábito da Ordem de Cristo desde 1810, será Conde de Vila Nova de São José e diretor do Banco do Brasil, (sua mulher foi assassinada em Outubro de 1820 e a suspeita cairá sobre Carlota Joaquina que estaria interessada em seus favores amorosos).


Outra filha casa-se com o filho de Rodrigo de Souza Coutinho, 1o Conde de Linhares em 1808, Ministro de D. João 6º, que é o exemplo típico da nova nobreza portuguesa iniciada por D. João V, pois representa a nobilitação de mercadores de grosso trato sem nenhuma ascendência de linhagem nobre de sangue, ele era atarracado com cabelos encaracolados e de cor tão morena que os seus desafetos na Corte suspeitavam que ele tinha sangue africano. É filho de um governador de Angola no tempo do Marquês de Pombal que é seu padrinho e quis que o afilhado representasse uma nova nobreza ativa, educada e preparada.


Outra filha, Ana Carneiro da Costa, será a 1a Viscondessa de Cachoeira.


Outro filho, José Alexandre Carneiro Leão, será Visconde de São Salvador de Campos.


Outra filha, Francisca Mônica Carneiro da Costa, será Marquesa de Baependi, e mãe do Conde de Baependi e do Barão de Juparanã.


Sua neta Mariana será Marquesa de Jacarepaguá.


Sua bisneta Francisca será Viscondessa de Carapebús.