Li algumas das cartas: nada havia nelas de extraordinário, mas tinham, relativamente, muito
valor material, porque estavam todas seladas com os selos das nossas primeiras emissões
postais: o "olho de boi", o "trezentos réis inclinados" e outros.
- Diz a senhora muito bem; a sua fortuna está nestas cartas! Saiba, tia Aninha, que cada
um destes selos vale centenas de mil réis!
A pobre velha, que ignorava a mania filatélica, não compreendeu: foi preciso que eu lho explicasse.
Ela protestou:
Desfazer-me das minhas cartas? Nunca!
Não se desfaça das cartas; desfaça-se dos selos.
Estes selos podem valer milhões! Não os venderei! Para que preciso de dinheiro?
Deveria calar-me. Tenho remorsos de haver revelado ao dono da casa onde me achava a
existência dos selos da tia Aninha. Ele foi o primeiro a querer comprá- los para negócio.