Série: A Corte Portuguesa no Brasil - Cap 10 - Estilo de Vida e Hábitos dos Brasileiros do Rio

Era essa a rotina de vida dos ricos fluminenses: levantavam às 9h., desjejum às 10h., trabalhavam até às 15h., fazem em seguida uma longa sesta e, às 20h., tomavam um chá com a família. Quando eram convidados para a casa de amigos iam às 19h. e voltavam às 23h. Quando tinha baile voltavam às 2 ou 3 horas da madrugada. O almoço/jantar começava com uma sopa de carne com legumes, seguida de frango com arroz e molho picante, entre cada prato uma colherada de farinha de mandioca como se fosse o pão e, para refrescar o paladar, comiam laranjas e saladas. Como sobremesa tinham o arroz doce, queijo de minas, holandês ou inglês, frutas variadas e, para beber, porto ou madeira e o café. Somente os homens usam a faca, mulheres e crianças se servem com os dedos e as escravas comiam ao mesmo tempo, em pontos diversos da sala sendo que, por vezes, suas senhoras lhes dão um bocado com as próprias mãos. Os estrangeiros sentiam repugnância pelo prato de carne seca de Minas com feijão preto e farinha de mandioca, tudo isso cozido e amassado com os dedos que são lambidos no final. Quanto à higiene pessoal, o inglês Henry Koster reparou na cuidadosa limpeza com o próprio corpo que os brasileiros de toda classe tem.



A mulher: vivia confinada, privada de liberdade, num contínuo isolamento, sempre fechada em casa e mesmo entre a nobreza vigorava a norma da província, de que a mulher só três vezes saía de casa, para ser batizada, para se casar, para ser enterrada. As mulheres costumavam sentar-se em esteiras, de pernas cruzadas à maneira oriental, junto às janelas rodeadas de escravas para servi-las. O ócio e a falta de exercícios rapidamente deformavam o corpo das adolescentes que, aos 13 anos assumiam o papel de matronas e, aos 18, já atingiam a plena maturidade física. A beleza feminina da época ia da moça do tipo quebradiço, quase doentio, à mulher gorda, mole, caseira, maternal, de coxas e nádegas largas, com pezinhos deformados por sapatos apertados demais, feitos de seda nas cores branca, azul, celeste, rosa, que duram 2 dias, pois as calçadas são péssimas, só em 1818 chega a moda dos sapatos envernizados de couro que são caríssimos. A cintura de vespa era apertada pelo espartilho. Os cabelos eram longos e com todos os formatos arquitetônicos possíveis e com nomes pitorescos: tapa missa e trepa moleque. Usavam xales de seda, lã, pelo de camelo, renda, tricô, musselina bordada de ouro ou prata.


O homem: sempre de barba e/ou bigode, se vestiam como ingleses e tinham como característica o fardamento das diversas ordens, com guarda roupa composto de calças, calções, camisas, casacos, sobrecasacas, chambre de seda, lenços e gravatas, meias de seda, chapéus, jaquetas e xales de lã, tudo sempre muito colorido.


A vida social: é muito chata e as distrações pouco freqüentes, pois quase não há reuniões sociais. Os jantares, bailes ou reuniões em casa particular, são coisas quase inexistentes. O 1º teatro foi construído por D. João e inaugurado a 12/10/1813, com o nome de Teatro São João, continha 1.020 poltronas e 112 camarotes. Carlota Joaquina, sempre descontente e odiando o Brasil, achava o Rio sem nenhuma sofisticação e julgava a cidade repugnante, terra de macacos e negros.