Série: A Corte Portuguesa no Brasil - Cap 6 - A Adaptação da Corte aos Trópicos

A corte endividada, e atônita, com a novidade dos trópicos encontrou na colônia um tecido social que estava assim estruturado: Já existia na colônia uma aristocracia de poder econômico e privilégio social composta de senhores de engenho, criadores de gado e fazendeiros produtores de víveres e mercadorias, os quais agrupados em clãs impenetráveis controlavam as áreas situadas em torno das principais cidades litorâneas sendo que a aristocracia nordestina era simpática a Portugal e a do sul era resistente ao poder real, (Alan Manchester).


A apologia do poder real enfatizava as propriedades inatas do soberano com seu caráter paternal para com seu povo e sua procedência divina e sua capacidade divina de conceder graças, benesses e títulos, obviamente, sempre muito bem pagos. A nobreza migrada, composta da mais alta nobreza desangue e espada, as famílias puritanas, como os Marialva (1475), Penalva (1499), Abrantes (1504), Arcos (1620), Sabugosa (1640), Angeja (1654), São Miguel 1663, Lavradio (1664), Alorna (1667), Fronteira, Castelo Novo, São Lourenço, Óbidos, Gouveia, Ribeira Grande, S. João da Pesqueira, Alvor, Sta Cruz, Vila Nova, Assumar, Alva, Miranda do Corvo, e a nobreza de toga composta pelos comerciantes de grosso trato nobilitados a partir de D. João 5o, que são mais recentes e influentes nos cargos da administração do reino, como os Anadia, Pombal, Vagos, Belmonte. No Brasil essas 2 nobrezas empenharam-se em manter sua proximidade com o Rei e alargar as distâncias que as separavam das elites da terra criando uma tensão sócio-cultural que marca a estada da corte no Brasil e foi usada por D. João 6o com maestria numa estratégia inteligentíssima para manter o controle do país e da Corte e preservar a Dinastia Bragança. Os emigrados passam suas primeiras semanas em completo estado de choque cultural e emocional horrorizados com o clima, a insalubridade da cidade e a vulgaridade dos brasileiros e apavorados com as tempestades tropicais cheias de raios e trovões. As pesadas chuvas, calor e pestilência eram insuportáveis para os exilados e o marquês de Borba escreve, desesperado, para os familiares: é um mundo novo, mas para pior!!!, eu nunca pensei terminar meus dias em terra de tanta abominação e escândalo. Marrocos, arquivista real, escreve ao pai, só na Igreja da Misericórdia se enterrarão em 1811, para cima de 300 pessoas naturaes de Lisboa. Os anos de 1817 e 1818 foram os mais faustosos da permanência da corte no Brasil. Em particular o período entre a chegada da princesa Maria Leopoldina Josefina Carolina Von Habsburgo-Österreich, (*22/1/1797 +11/12/1826), filha de Francisco 1º, Imperador da Áustria-Hungria e Maria Teresa de Bourbon-Sicílias a 5/11/1817, para o casamento com D. Pedro, Duque de Bragança e Príncipe do Brasil e o aniversário e coroação e aclamação de D. João, a 13/5/1818, como monarca de uma centenária Casa Real européia. Foram inúmeras festas feitas com doações dos grandes negociantes nativos sempre com desfiles e arcos triunfais pelas ruas da cidade que deslumbraram, pelo luxo, fausto e riqueza, a população da cidade, pois eram acontecimentos totalmente inéditos para o Novo Mundo.