A Tia Aninha - cap 1


Ainda há poucos anos havia, numa das capitais do Norte, uma velhinha pobre, paupérrima que não mendigava, mas aceitava o agasalho que lhe davam algumas famílias compassivas, passando um mês aqui, outro ali, quinze dias acolá. Uma bela manhã chegava com sua lata de folha (tudo quanto possuía) e aboletava-se entre afagos e sorrisos de boa-vinda.

 
- Seja bem aparecida, tia Aninha! O seu quarto lá está, tem sua cama preparada! Mas desta vez demore-se mais tempo: você a ninguém incomoda nesta casa, nem aumenta a despesa: fique o tempo que quiser.
 
Mas a tia Aninha, quando suspeitava que a sua presença ia se tornando aborrecida, levantava o vôo e partia, com a sua lata de folha, para alojar-se noutra parte.
 
Era uma velhinha alegre, mas de uma alegria que nenhum observador experimentado acharia natural e sincera.
 
As crianças adoravam- na, porque ela sabia contar- lhes muitas histórias bonitas de fadas e lobisomens - e aí está um dos motivos por que a tia Aninha, depois de prolongada ausência, era sempre bem recebida, com a sua lata de folha.