Vera tentou fugir montada no Ah, mas ele empacou. Alexandre perguntou aonde ela iria e ela
disse que embora, mas Ah não desempacava. Todos ficaram com vontade de andar a cavalo.
Todos montaram e o cavalo saiu em disparada, deixando para trás o morro de flores, a praia, a
mata. Sem atravessarem o escuro, Vera constatou que estavam do lado de cá da cerca e que o medo não tivera tempo de assustá-los. Ao transpor a cerca, constataram que o escuro estava agora do outro lado. Ah foi desaparecendo, Augusto não atendeu ao chamado de Alexandre, a Gata não respondeu ao Pavão quando ele a chamou. Enfim, Alexandre concluiu que a Gata e Augusto tinham voltado com Ah para a casa da madrinha. Se ele voltasse para a casa da madrinha, reencontrá-los-ia. Vera ficou intrigada porque, mesmo chamando, Ah não
apareceria mais. Alexandre lhe disse que voltaria a pé. Nisto, Vera viu que seus pais estavam
chegando e saiu em disparada, com medo de que estivesse muito atrasada, pois naquela
viagem maravilhosa perdera a noção do tempo.
Vera não conseguiu dormir bem naquela noite. Tivera pesadelos. Alexandre arranha na janela
e Vera observa que o sol, àquela hora da manhã, já está forte. Alexandre conta que tentou de
todas as maneiras, mas não conseguiu mais reinventar o Ah, por isto estava indo embora, para
a casa da madrinha. Prometeu escrever-lhe quando lá chegasse. Ao abrir a caixa de sorvete
para pegar o lápis, viu que a flor amarela que escondia a chave da casa da madrinha estava lá
dentro. Ficou muito feliz. Vera, porém, pensou: 'por que será que ele tá achando que a flor que
eu botei na mala é a flor que enfeitava a porta azul? Essa alamanda é muito menor...' Se
assustou quando Alexandre enfiou a mão dentro da flor e de lá tirou a chave da casa da sua
madrinha. Falou para Vera: ' - Que legal! Agora vou viajar com a chave d casa no bolso, não
vou ter mais problema nenhum. Lembra o que o Augusto falou? [...] Ele disse que no dia que
eu botasse a chave da casa no bolso, o medo não ganhava mais de mim - Riu - Já pensou?
Agora eu posso viajar toda a vida. Quando o medo bater eu ganho dele e pronto. [...] se
abraçaram. Forte, depressa. Alexandre pendurou a mala no ombro e foi andando, o Pavão
emparelhou com ele. Foram sumindo e sumindo; e aí sumiram de vez numa dobra do caminho.'
Fim