Os espiões passam muito tempo fornecendo informações falsas para seus inimigos à medida que conseguem dados. Isso os mantêm a par de novas informações, força-os a confundir capacitações militares e enviar forças para a área errada. Um constante fluxo de informações falsas pode acabar com a informação verdadeira que o inimigo detém, pois surgem dúvidas com relação à autenticidade de sua própria inteligência em colher informações.
Um método de espalhar informações falsas é utilizar um agente duplo. Imagine que um cientista norte-americano é recrutado pelos russos para fornecer tecnologia militar dos EUA. Os Estados Unidos ficam sabendo que esse cientista é um espião dos russos. Ao invés de prendê-lo, permitem que continue fornecendo informações ao inimigo. Entretanto, certificam-se de que os projetos, os relatórios técnicos e outros dados aos quais ele teve acesso sejam alterados. Os russos passam a receber informações técnicas inúteis, gastando milhões de dólares em pesquisa e em tecnologia falha. Assim, o cientista torna-se um agente duplo involuntário.
Uma outra alternativa seria os EUA confrontarem o cientista e ameaçá-lo com uma sentença de prisão perpétua, ou mesmo sentença de morte, a pena por traição. Para evitar isso, ele concorda em tornar-se conscientemente um agente duplo: não apenas concorda em abastecer a Rússia com informações falsas, mas também trabalha para obter informações dos seus controladores. Ele pode fornecer aos Estados Unidos nomes de outros espiões russos, ou sobre pesquisa científica do país.
Sempre há possibilidade para este mesmo cientista/espião se tornar um agente triplo: ou seja, ele informa à Rússia que os americanos o descobriram. Agora, os russos sabem que a informação técnica que ele traz é negligenciada, e passam a fornecer informações falsas para os americanos. Se isso parece confuso, imagine tentar manter toda a situação quando somente um deslize pode custar sua vida. Alguns agentes foram além de serem agentes triplos, jogando os dois lados um contra o outro, criando uma teia tão confusa que os historiadores não têm idéia de em qual lado o espião realmente estava.
A Operação Fortitude foi uma das maiores e mais bem sucedidas campanhas de contra-informação já conduzidas. O objetivo da Fortitude era confundir os alemães na retirada de suas forças militares ou colocá-los no lugar errado quando os Aliados invadissem a Normandia em 1944. Aviões de madeira e papelão, depósitos de combustíveis falsos e tropas de bonecos foram estabelecidas no sul da Inglaterra para fazer com que os alemães pensassem que o ataque viria de lá e não tinha a Normandia, como alvo ao norte da França. Um exército norte-americano fictício foi criado: Fusag - First U.S. Army Group (primeiro grupo de forças armadas dos EUA), que tinha até a liderança do General George Patton. Uma falsa transmissão de rádio sustentou a farsa. O elemento mais importante, no entanto, foram as informações falsas fornecidas aos alemães pelos agentes duplos. A informação fornecida por um agente duplo chamado Garbo convenceu Hitler de que o ataque viria do sul.
Para manter a suposição e atrasar a chegada dos reforços alemães à Normandia ao máximo possível, no dia da invasão houve até uma falsa esquadra que aterrisava com alto-falantes tocando o som de uma grande frota se movimentando pelo Canal da Mancha, com balões refletores de sinais de radar e tiras prateadas jogadas pelos aviões criando um sinal de radar como se fosse uma grande invasão. Uma vez que o ataque da Normandia estava acontecendo, Garbo disse aos alemães que tudo não passava de uma simulação para retirar as tropas alemães do ataque "real" da região sul.