O Assunto é: Transexuais

Hoje estou estreando uma série de textos diários que vão falar sobre os assuntos que estão marcando o dia. E o nosso primeiro assunto é sobre Transexuais.


O assunto ganhou destaque depois do início do Big Brother Brasil 11. A participante do Reality Show, Ariadna,  revelou ter feito cirurgia para mudar de sexo. Segundo informações divulgadas pela TV Globo, organizadora do programa, Ariadna teria feito a cirurgia em 2002.






Ok, mas o que significa a palavra "Transexual"? Refere-se à condição do indivíduo que possui uma identidade de gênero diferente a designado no nascimento, tendo o desejo de viver e ser aceito como sendo do sexo oposto. É o que está acontecendo com a participante do BBB, Ariadna. 


A explicação estereotipada é de "uma mulher presa em um corpo masculino" ou vice-versa, ainda que muitos membros da comunidade transexual, assim como pessoas de fora da comunidade, rejeitem esta formulação.


Essa semana surgiram imagens de como Ariadna seria antes da cirurgia
Para ser considerado um transexual, o indivíduo não deve ser um sintoma de outro transtorno mental, tal como esquizofrenia, nem estar associada a qualquer anormalidade intersexual, genética ou do cromossomo sexual e a persistência do transtorno durante um longo período de tempo, que a OMS quantifica como no mínimo de 2 anos.

Alguns consideram que as mudanças provocadas por tratamento hormonal, sem alterações cirúrgicas, são suficientes para qualificar o uso do termo transexual. Outros, especialmente agentes de saúde, acreditam que existe um conjunto de procedimentos, que engloba psicoterapia, hormonioterapia e cirurgia devem ser seguidos de acordo cada caso e não de forma padronizada para todos.

Mas transexuais masculinos podem engravidar?
Pode sim. Para explicar melhor, vamos usar o exemplo de Thomas Beatie, primeiro transexual que engravidou em todo o mundo. essa reportagem foi feita em 2008, quando Thomas Beatie estava com quatro meses de gravidez. 

Beatie nasceu mulher e, desde que resolveu mudar de sexo, submeteu-se a tratamentos de testosterona. Eliminou os peitos femininos e teve a sua última menstruação há mais de oito anos. Resolveu contudo conservar os seus órgãos reprodutores: “Ter um filho biológico não é um desejo masculino ou feminino, é um desejo humano”, afirmou num artigo publicado na revista norte-americana para a comunidade gay “The Advocate”.

A vontade de ter um filho tem mais de 10 anos, altura em que Beatie casou com Nancy, a sua mulher. Como Nancy não podia ter filhos, fruto de uma histerectomia a que foi sujeita há 20 anos, Beatie resolveu recorrer à inseminação artificial e a um banco de esperma. Para conseguir engravidar teve que deixar os tratamentos de testosterona durante quatro meses. “O meu corpo regulou-se por si mesmo. Não tive que tomar estrógenos nem progesterona para favorecer a fertilidade”, afirmou.

Segundo Mário de Sousa, especialista em reprodução medicamente assistida, Thomas Beatie é uma mulher com suave aparência masculina através do recurso a um processo de alteração do corpo: o especialista chama-lhe estectomia e endogeneização. “A testosterona tomada poderá ter provocado uma atrofia nos órgãos reprodutores femininos mas há muitas pessoas que conseguem recuperar o metabolismo normal. Se assim for, não há nenhuma diferença entre o aparelho reprodutivo deste transexual e o de uma mulher”, esclarece o especialista.

Quando questionado acerca de como se sentia um "homem grávido”, Beatie respondeu: “Incrível. Estou estável e seguro de mim mesmo como homem que sou. Eu serei o pai, Nancy a mãe, e seremos uma família”. “Sou um transgénero, legalmente homem e legalmente casado”, afirmou. E, por isso, diz não encontrar qualquer entrave na sua gravidez. “Para os nossos vizinhos, para a minha mulher Nancy e para mim não parece nada fora do normal”, resumiu Beatie.

Apesar disso, admite que todo o processo foi um desafio e lamenta que muitos médicos o tenham discriminado. “Alguns rejeitaram-nos por causa de crenças religiosas. Outros recusaram dirigir-se a mim como um homem e reconhecer a Nancy como minha mulher. Nem mesmo alguns amigos e familiares nos apoiaram, a maioria da família da Nancy nem sequer sabia que eu era transexual”, desabafa Beatie. Mário de Sousa diz este tipo de situações também se verificam em Portugal, rejeitando-se ilegalmente o tratamento deste tipo de casais nos centros de reprodução medicamente assistida.

Casos históricos:
Vários imperadores romanos são descritos por se travestirem (transexuais, travestis e transgêneros) ou apresentarem características afeminadas. Contudo, dois casos merecem destaque. O primeiro diz respeito a Nero que após chutar sua esposa grávida, Poppaea, até a morte, arrependeu-se e, tomado de remorsos, buscou alguém parecido com ela. Encontrou em um escravoSporus, essa semelhança. Nero então ordenou a seus cirurgiões que o transformassem em mulher. Após a cirurgia os dois se casaram formalmente – inclusive com direito a véu de noiva e enxoval – e Sporus viveu como mulher a partir de então.

Já o imperador romano Heliogábalo casou-se formalmente com um poderoso escravo, adotou o papel de esposa e oferecia metade de seu império ao médico que o equipasse com uma genitália feminina.

No século IX, lenda ou não, teria existido o Papa João VIII nomeado em 855 sucessor do Papa Leão IV. Na verdade, seria uma mulher travestida de homem que teria engravidado e morrido ao dar à luz um bebê. Segundo NEW e KITZINGER (1993), a Papisa Joanateria nascido mulher com o possível nome de Giliberta, e adotou o nome masculino de “John Anglicus” e foi papa por 2 anos, 7 meses e 4 dias. As autoras especulam que o Papa João VIII poderia ter realmente sido uma mulher com deficiência de 21 – hidroxilase, ou seja, uma pseudohermafrodita feminina. De qualquer maneira, a história alcançou nossos dias e transformou-se em filme de Michael Anderson chamado “Pope Joan”, com Liv Ullmann no papel principal.

GREEN (1998) cita o mito do adivinho Tirésias de Tebas, que, ao ascender ao monte Citerão, encontra duas cobras copulando. Ao separá-las e matar a fêmea, ele é punido pelos deuses, sendo transformado em mulher. Sete anos depois, ao se adaptar a essa condição e forma femininas, Tirésias sobe o mesmo monte. Ao se deparar com a mesma cena de duas cobras copulando, mata o macho e, com isso, consegue ser novamente transformado em homem pelos deuses. Por ter experimentado tanto o prazer sexual feminino quanto o masculino, Tirésias é escolhido como juiz em uma disputa entre Zeus e Hera com relação a esse tema. Ao afirmar no veredito que o prazer da mulher era superior ao do homem, na proporção de nove a um, a deusa o cega, pois apesar de aparentemente dar a vitória às mulheres, sua conclusão privilegiava os homens, na medida em que o prazer feminino dependeria do desempenho masculino. Zeus, condoído, dá-lhe o dom da adivinhação como forma de “ver o futuro”. Tal dom desempenhará papel especial em outros mitos como, por exemplo, o de Édipo.

Tipos de transexualidade:



  1. Travesti completo: traveste-se e deseja a cirurgia de reatribuição sexual. Corresponderia à denominação atual de transexualismo;
  2. Travesti parcial: Sente-se satisfeito com o travestismo e não deseja a cirurgia. Encaixa-se na denominação de travesti;
  3. Travesti constante: A descrição de Hirschfeld é similar à denominação de transgênero;
  4. Travesti periódico: Encaixa-se na atual denominação de travesti. Aspectos fetichistas são reconhecíveis e a periodicidade é utilizada na diferenciação com o transexualismo;
  5. Travesti no nome: A adoção de um nome feminino faz parte da evolução do travestismo e acontece após anos da prática de se vestir com as roupas do gênero oposto. Essa é uma categoria que não se faz necessária;
  6. Travesti narcísico: características de personalidade narcísica são comuns entre os travestis, mas é desnecessário subtipo específico;
  7. Travesti homossexual: Esta categoria de Hirschfeld pode ser enquadrada dentro do transexualismo. Travestis homossexuais e não transexuais são comuns, mas formam uma população pouco estudada pela ciência;
  8. Travesti bissexual: Assim como a categoria anterior, os chamados travestis bissexuais são pouco estudados. Deve haver parte considerável de bissexuais entre os chamados travestis heterossexuais;
  9. Travesti metatrópico: Seriam aqueles que buscam o amor em uma mulher masculinizada. Não se configura como classificação útil;
  10. Travesti autônomo-sexual: Inclui aqueles indivíduos cuja vida sexual é isolada e centrada na própria imagem, “a linda mulher no espelho”. Apesar de ser característica comum, não se sustenta como categoria específica.

Espero que você tenha tirado todas as suas dúvidas sobre o assunto. Não perca os próximos textos.